sexta-feira, 22 de julho de 2011

A Origem das Revespécies

A Origem das Revespécies

Ilustração: Renato Faccini
Ilustração: Renato Faccini
















Você já deve ter quebrado muito a cabeça pra responder aquela velha pergunta sobre o ovo e a galinha... Ora, convenhamos, desde que os cientistas anunciaram o parentesco entre a dita cuja e os dinossauros, não é preciso ser nenhum Charles Darwin pra matar essa charada...

Por um capricho da natureza, ficou decidido que os dinossauros pulariam de grandalhões para a categoria peso-pena, passariam a acordar com as galinhas e seriam bichos muito bons de bico. Daí, foi só uma tiranossauro botar um ovo com um pintinho dentro, para dar início à era das galináceas no planeta. Pronto, o ovo veio primeiro!

E já que estamos falando sobre as transformações no reino animal, é bom lembrar que a evolução não é privilégio apenas das cocoriquentas. Tempos depois de um cavalo amarelo-malhado ter tomado chá de trepadeira e ficado com as folhas entaladas na garganta, transformou-se numa girafa. Quando um camundongo gigante cansou de levar seus filhos a tiracolo e amarrou uma bolsa na barriga, virou um canguru. Já a gelatina, que teve a sorte de ser resgatada do mar Morto por um salva-vidas, ah, virou uma água-viva!

E os reveses nas espécies não param por aí. Tem exemplo de revespécie pra dar e vender. Veja só:

Quem já era devagar quase parando virou preguiça.
Quem tinha samba no pé, uma cuíca.

Virou solitária quem vivia jogada às traças.
Um tremendo furão, quem nunca dava o ar da graça.

Quem era bicho-papão ficou barrigudo.
Quem era cheio de pneuzinhos, borrachudo.

Quem não conseguiu pegar jacaré virou mergulhão.
Quem era nervosinho pacas, um zangão!

Quem gostava de madeira virou bicho-carpinteiro.
Quem dirigia mal pra burro, barbeiro!

Quem não comprava no atacado, virou varejeira.
Quem lavava roupa suja em casa, lavadeira.

Virou quero-quero quem era pidão.
E serelepe, um mexilhão.

Virou maria-fedida quem vivia cheia de craca.
Quem não entrava em barca furada, uma fragata.

O calombo na cachola virou galo.
E quem vivia enrabichado, namorado.

Virou beija-flor quem namorou a rosa no quintal.
Quem pisou na concha acústica, um coral.

Virou truta aquele camarada, grande amigo.
Quem soltava fogo pelas ventas, maçarico.

Virou centopeia o cheio de dedos.
Mas quem vivia pregado continuou percevejo!
Maria Amália Camargo, autora deste conto, é formada em Letras. Escreve no blog Na Contramão do Pelo Contrário: Historietas Sem Pé Nem Cabeça.

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